Erro não é uma palavra bem aceita no mundo empresarial, e até já falamos anteriormente sobre esse assunto. Isso porque para um bom padrão de qualidade, errar denota falta de cuidado, de qualificação ou atenção. A preocupação maior é o erro ser entendido somente desta forma, e não tratado como parte de um processo de tentativas, ajustes e novas implementações que garantam maior desempenho. Vamos falar sobre a liberdade de tentar, cada vez mais utilizado pelas empresas que querem manter uma cultura inovadora, ou simplesmente, preocupada com o futuro de seus negócios.
Estamos acostumados a acreditar que errar é para gente fraca, incapaz, mal preparada. Daí, associar a coisas negativas é apenas um passo. Mas, não foi sempre assim. Naturalmente experimentadoras, as crianças menores têm um aval que nós, adultos, não temos mais. Testar, se frustrar, aprender, levantar, tentar de novo, se frustrar de novo, e insistir, até que consigamos apreender o necessário para seguir para um novo aprendizado.
E por que, já crescidos, tentar, aprender, tentar de novo, errar e insistir é tão ruim?
A frustração é um dos motivos. Ficamos altamente frustrados quando tentamos e não conseguimos algo, ou o que esperávamos não se realiza, porque se trata de nossa expectativa. Tentativas com resultados diferentes do que esperamos não necessariamente são fracassos. Apenas será necessário rever e mudar a forma de fazer, para tentar de novo. Neste caso, a expectativa precisa de alinhamento para motivar iniciativas constantes e novas ideias gerarem ainda mais possibilidades.
Mas, existe um ponto importante: no ambiente das empresas, a necessidade de acertar, de fazer certo na primeira vez, de gerar resultado e não perder tempo (tentativas adiam o objetivo ser alcançado) acabam anulando nossa capacidade de tentar, e ir melhorando e continuar tentando para chegar onde se quer. É compreensível, claro, mas temos como fazer algo que concilie a liberdade de arriscar e tentar, e a estabilidade de uma ação planejada.
O desafio é conseguir criar soluções
O que mais se busca no mundo é encontrar saídas para as coisas, soluções. Diariamente, fazemos isso. Para isso servem as ideias, para nos ajudar a experimentar outros formatos, outras coisas que, diretamente, ou não, nos guie para a solução. E elas virão, se as pessoas estiverem preparadas para ousar, estiverem livres para se expressar, independente de julgamentos sobre certo e errado, melhor ou pior. Esse sentimento é o que incentivará participações constantes, que poderão transformar pequenas boas ideias em grandes realizações.
A partir do modelo aplicado no Design Thinking, método que alia o processo de design à resolução de problemas e inovação no âmbito empresarial, podemos seguir um pequeno roteiro para a utilização nas corporações:
- Entender o problema é o começo. Não há solução sem antes haver um problema, e que ele seja ampla e profundamente conhecido para que os pontos de vista sejam entendidos e explorados ao máximo. Escute seu cliente, tente entender o que ele passa para a empresa sobre o que gosta, o que atrapalha, o que atrasa, o que o deixa insatisfeito e tente investigar os motivos. Normalmente, os colaboradores da linha de frente também são fontes inesgotáveis de informação, porque lidam diretamente com as situações que impactam nos negócios. Quanto mais informação, melhor;
- E se? Este é o momento para levar às pessoas para pensar e ter ideias. Antes falamos da ditadura do fazer certo sempre. A hora de eliminar as barreiras é essa, já que podem dar ideias, seguramente, sem riscos. Até que sejam aprimoradas, elas podem ter os formatos, os tamanhos, a dimensão que for. Tudo é livre. Assegure a comunicação às pessoas, sem rotular ninguém, e para isso, seria importante um mediador que fizesse esse papel, abrindo para possibilidades ilimitadas;
- What Wow? Ligado ao atrelar valor à solução, que traduza a identidade do cliente. O que emociona, surpreende. Diante das várias ideias da fase anterior, é o momento para escolher as que mais atendem ao perfil e ao objetivo. “Wow” é exceder expectativas, ir além, então, considere isso no processo de solução do problema;
- O que funciona? Testar o que foi apurado nas três fases anteriores e se manteve até aqui, e colocar diante do mercado para verificar o que precisa ser melhorado e se funciona. Teste com algumas pessoas, por exemplo, com os clientes que já responderam pesquisas anteriormente citando que aquilo é um problema. Se citaram, mostram-se dispostas a colaborar novamente. Com o resultado, crie novas possibilidades e novos testes. Quando a versão final estiver pronta, pode até chamar estes clientes e agradecê-los por sua participação.
Neste processo, muito fácil para ser implantado em qualquer empresa, torna-se claro que tentativas são produtivas e essenciais. E que informações à respeito do cliente e suas necessidades podem ser grande fonte de inovação dentro de qualquer organização. Basta então, transformar a busca por ideias em algo constante, simples e que envolva menos frustração no caminho até a solução. E é importante lembrar que as pessoas têm necessidade natural de cumprir metas, e realizarem feitos. Competição para mais pessoas participarem, e depois, reconhecimento para as ideias de maior sucesso e benefício para os clientes e colaboradores poderá revolucionar o ambiente empresarial. Senso de igualdade para participarem, sem exceções, e com regras bem definidas facilitam para o incentivo funcionar.
Pronto! Agora é só desenhar o formato de trabalho que mais levará a cultura da inovação para sua empresa. E que venham muitos desafios, que sua equipe esteja engajada em ultrapassá-los e levarem o melhor resultado ao cliente. Sucesso!