As pessoas costumam dizer que todo brasileiro que se preze é um pouco técnico de futebol. Na hora que a bola rola no gramado, além de opiniões, tem sempre alguém alterado achando que se daria melhor se fosse o preparador da tal equipe. Essa “mania” de achar que poderia fazer melhor não se limita aos campos e estádios pelo Brasil. Quem já não observou uma loja com atendimento caótico e pensou em uma solução se estivesse no lugar do gerente? E quando vemos algum processo burocrático demais, que nos faz esperar muito, ou que gera sua insatisfação e de outros? Não é de comum acordo (ou quase) sobre nossa vontade de ir dar sugestões para quem faz a gestão do lugar?
Se isso é algo natural ou normal, não teremos como julgar, mas é fácil de identificar nossa natureza participativa e crítica somente de ouvir as conversas nas rodas de amigos. É no momento em que há liberdade para conversar, que os mais “experientes em gestão” se manifestam, muitas vezes em longos desabafos e calorosas argumentações. Sim, queremos participar. As eleições para os presidenciáveis neste ano, 2014, que o digam! As mídias estão um verdadeiro debate ao vivo, com diferentes opiniões, trocas de informações e até agressões em defesa de sua forma de pensar. Excessos não são bem-vindos, porém este comportamento mostra algumas mudanças importantes que vêm se processando nos últimos tempos, que geram possibilidades interessantes para as empresas. Que tal valorizar pontos de vista de “fora para dentro”?
Muitas vezes conseguimos ver o que poderia ser feito naquele atendimento, naquela logística, naquele espaço para ajudar e melhorar. Será que os gestores conseguem ver pela mesma ótica? Vendo por outro ângulo, saindo da janela que somente possibilita olhar para fora, muito mais produtivo o olhar para dentro mostra o que podemos fazer de diferente pelo ponto de vista de quem está de fora.
A proposta é um olhar estratégico para enriquecer possíveis planejamentos nas empresas, sem a visão cansada e rotulada do dia a dia. Se sempre as mesmas pessoas realizarem o levantamento dos principais pontos de melhoria, preocupe-se. Pode ser que o olhar “de dentro para dentro” da empresa não ofereça a visão completa, suficiente para propor inovações ou alterações. O “olhar de fora para dentro” pode ser o dos clientes, dos fornecedores, dos colaboradores, pessoas que mesmo envolvidas, conseguem e podem identificar pontos de “gargalo” ou mesmo os “gaps” da operação e processos. Pode parecer uma crítica aos gestores em geral, mas não é. A ideia aproxima tais gestores da prática, sem teorias ou adivinhações. E por que não usufruir desta nova tendência participativa das pessoas e criar condições de que realmente participem com suas ideias? Nem todas as empresas, em suas realidades, podem literalmente oferecer “portas abertas” para todos opinarem. Supõe-se que cada situação seja única e que mesmo pesquisas pontuais podem ajudar. Abrir a mente para ouvir e entender pontos de vista diferentes podem promover verdadeiras revoluções, tanto em nossa vida pessoal, profissional, quanto nas corporações.
Pense nas seguintes possibilidades:
- pesquisas para contato imediato após o cliente passar por uma experiência em sua empresa (podem relatar pontos positivos e negativos da experiência, dando informações sobre como superar expectativas)
- pesquisas com pessoas interessadas, ou que passaram por sua empresa, também imediatamente após a experiência (podem relatar a visão do seu público interessado e o que os impediram/impediriam de fazer negócio)
- pesquisa entre departamentos dentro da empresa ou com fornecedores externos (podem relatar dificuldades intradepartamentais)
Foram apenas sugestões dentre outras várias opções que podem surgir.
Além de mais informações, as pessoas envolvidas e que participaram terão uma sensação de parceria, de confiança, gerando assim maior relacionamento. Se o momento e a tecnologia propõe saídas e oportunidades, não as recuse. Faça uso e pense mais “fora da caixa”. Fazer as mesmas coisas sempre geram sempre os mesmos resultados. E não é disso que sua empresa precisa, não é?